quarta-feira, 25 de abril de 2012

Não vou falar do 25 de Abril.
Vou falar sobre a minha Mãe e do seu sentido de justiça.
E sendo uma Mulher justa, dificilmente poderia concordar
com o Salazarismo. Mas mesmo não concordando, não
era nem da esquerda nem da direita. Repito era só uma
Mulher justa. E sendo justa não podia concordar com a
fome, frio e pobreza que a maior parte dos seus alunos
passava. Crianças que iam para a escola, descalças e
quase despidas e que a maior parte das refeições não
passavam de um bocado de escapiada (acho que é assim
que se escreve, é uma espécie de pão mas feito com farinha
de milho) ou um prato de papas de milho e era quando havia.
Por isso quando chegou ás escolas a ajuda vinda da América
de leite, queijo e pão ela e as colegas ficaram felizes.
Finalmente as crianças tinham uma refeição a meio da manhã ou
da tarde.
E quando soube que o Salazar não concordava lá muito com
essa pequena ajuda ficou muito revoltada. Porque ela sabia
muito bem o que significava essa pequena refeição para os seus
alunos.
Não era da direita mas nunca concordou com a politica
salazarista, e só não perdeu o seu emprego porque vivia numa
pequena ilha. Porque Ela o que tinha a dizer dizia, podia ser
à frente de colegas, podia ser numa repartição do governo, tenho
a impressão que mesmo ao próprio Salazar (se tivesse oportunidade) ela diria.

Era assim a minha Mãe. Não era da direita, não era da esquerda.
Era só uma Mulher trabalhadora e justa.
E hoje dia em que se comemora a Liberdade apeteceu-me falar
disto.

1 comentário:

O meu pensamento viaja disse...

Que orgulho, querida, nessa Mãe Coragem.
Beijo