sábado, 16 de fevereiro de 2013

A VIDA TAL COMO ELA É

Maternidade na óptica do utilizadorMaternidade na óptica do utilizador: gerir uma família completa em "part-time"
Sábado, 16.02.13
"Escrevo, as miúdas já dormem e estou novamente sozinha com elas. Esta semana foi boa: com a Terça-feira de Carnaval tivemos o pai connosco mais 2 dias!
Elas já estão habituadas às ausências que têm sido cada vez mais prolongadas, não só fruto da profissão que escolheu, mas também desta crise que obriga a uma presença fisica constante nos poucos sítios onde ainda há indústria. Habituadas ou não, não impede a pequenina de 2 anos de perguntar vezes sem conta pelo pai e, a mim de responder, “O pai não está!”. Numa das últimas ausências de 2012, ele voou até aos Açores e eu respondi que “O pai foi no avião!”, certinho, durante o mês seguinte a pergunta pelo pai era seguida por um “’Tá no ‘vião?”. Habituadas ou não, não impediu a grande de 5 anos de acordar a chorar com saudades do pai – nada que um telefonema não ajude a resolver; ou de o esmagar com carinhos quando ele volta de mais uma semana de ausência.
Lá em casa temos pai ao fim de semana. Com sorte ainda o apanhamos Segunda-feira. Nos restantes dias está fora. É fácil? Não é. Tudo se faz, mas é muito mais fácil fazer a dois. E muito mais agradável, pois claro.
Durante a semana eu trabalho e chego a casa pelas 18h30 depois de ir buscar as meninas à creche. Dou-lhes banho, invento qualquer coisa para o jantar. Aturo as birras, brinco, arrumo brinquedos, vejo a tv delas (Disney e Panda). Deito-as cedo e fico com elas até adormecerem, depois da hora de ponta do final do dia. Só depois tomo banho e trato de mim. De manhã levanto-me às 6h e deixo-as na escola por volta das 8h. Visto-as, lavo caras e dentes e penteio cabelos. Há mais birras, (porque não quer aquelas calças!!!). Faço/dou pequeno almoço. Apresso para sair. Normalmente não nos atrasamos. No meio desta rotina as saudades são compensadas com telefonemas ao final do dia. Telefonemas com sabor a tristeza e cansaço.
Na ausência do pai, por vezes fazemos coisas de meninas e brincamos aos cabeleireiros ou pintamos as unhas. Mas, invariavelmente, sinto que o tempo é curto para eu sozinha fazer tudo o que gostaria. E ele sente que o tempo que está connosco não chega para tudo o que merecemos em família.
Somos uma família completa em part-time, creio que as há por aí aos montes! No fim de contas até temos sorte. Estamos juntos todos os fins de semana! Durante a semana é um contar de dias até estarmos todos juntos a fazer aquilo que mais gostamos.
Não pretendo gerar tristeza ou melancolia, atenção. As coisas são como são e temos de as enfrentar. Antes isto do que termos um pai 100% do tempo em casa, desempregado. Antes isto do que qualquer tipo de doença. Comigo as coisas são pão-pão/queijo-queijo, mas, esta noite a bebé acordou a chorar, o pai levantou-se para a ir ver, eu para ir buscar o medicamento para aliviar a dor de ouvido e dei comigo a pensar como é muito mais fácil quando estamos os dois. E amanhã já vou ao otorrino sozinha com as duas!
O que é que me facilita a vida...
Durante o fim de semana preparar logo uma ou duas refeições para durante a semana / durante a semana fazer refeições de rápida preparação que elas comam bem.
Preparar sempre a roupa delas de véspera. Também devia preparar a minha, mas nem sempre o consigo fazer.
Ter calma, mesmo quando trabalham por turnos no sector das birras e teimosias.
Brincar com elas e com as situações. Rir é o melhor remédio. E, muitas vezes, nada melhor que um pouco de gozo para acabar com situações frustrantes para todos!
Dica Quadripolar:

 Desenvolver um olhar de “mãe” (lembram-se aqueles que as nossas mães tinham e que nos tiravam o cavalinho da chuva quando nos iamos portar mal?). Aparentemente a minha filha mais velha já responde a isto. Muito eficaz quando estamos em lugares públicos!"

Sara Santos- mãe da P. e da A.
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Pólo Norte
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Este texto foi escrito pela minha filha, no blog "maegyver.blogs.sapo.pt" gerido pela Polo Norte.
Tinha de publicar.

2 comentários:

O meu pensamento viaja disse...

Grande mulher!
Força e a minha plena admiração!

Liliane de Paula disse...

Mãe é assim. Mil atividades. Mas tem também, alegrias.